
O nascimento de Tafari Makonnen havia sido anunciado por astrólogos e sacerdotes da Igreja Ortodoxa. Segundo eles os planetas Plutão e Netuno concluíram ,em junho de 1892, mês do nascimento, uma aproximação iniciada cerca de 500 anos antes, trazendo para o planeta Terra a influência da constelação de Leão: A casa de Judá, nesse mesmo ano a passagem do cometa Holmes (um dos maiores em extensão) foi identificada por astrônomos.
Depois da terrível seca que deixou o povo da Etiópia desolado por três anos, voltou a chover na noite do nascimento do menino, na noite de 23 de julho, e então recebeu o nome de Tafari, que do amárico pode ser traduzido como 'Sem Medo' ou 'Criador'.
Com 40 dias de vida foi batizado na Igreja Cristã Ortodoxa Etíope e recebeu Haile Selassie (Poder da Santíssima Trindade) como nome de batismo,título esse que seria retomado décadas mais tarde, na ocasião da coroação. Os místicos da época ficaram impressionados ao identificar o desenho da linha da vida na palma da mão do menino, que parecia voltar para o começo.
Com 2 anos de idade perdeu a mãe e foi educado pelo pai, Ras Makonnen, primo e grande amigo do então Rei Menelik II. Ainda muito cedo desenvolveu interesse aguçado por livros e por toda sabedoria que os mais velhos poderiam lhe transmitir. Colecionava e lia enciclopédias de diversos temas, em especial as escrituras sagradas e textos apócrifos. Surpreendeu diversos sacerdotes, deixando-os perplexos devido a sua impressionante capacidade de memorização de uma vasta literatura.
Muito jovem, aos 13 anos seu pai faleceu e então Tafari sem o pai e a mãe foi morar sozinho, aos cuidados do Rei Menelik II. Já no terreno de casa cultivava pessoalmente diversas espécies de plantas e animais, desenvolvendo com eles uma comunicação especial que o permitia amansar até mesmo os animais mais selvagens. Foi respeitado como aluno brilhante e de espírito revolucionário: estudava Filosofia, Direito, Línguas, História, Educação, entre outros assuntos, desenvolvendo verdadeiro amor por ler e escrever.
Ainda aos 13 anos foi convidado pelo Rei a ser chefe do Distrito de Gara Mullata, num posto que (ao lado de um tutor administrativo) o permitia atuar como Juiz, apesar da idade precoce para o cargo. Nesta época recebeu o primeiro título oficial, "Desjazmatch", que significa "O Guardião do Portão".

Em 02 de novembro de 1930, na capital Adis Abeba (nova flor), foi coroado Rei da Etiópia, ao lado da companheira, a Imperatriz Menen, na Igreja de São Jorge.
Judeus e Cristãos consideram a dinastia pertencente ao Rei Salomão, filho de Davi (da mesma raiz de Jesus, Maria e José) como a linhagem mais antiga da Terra, por traçar uma genealogia que passar por muitos patriarcas, incluindo Jacó, Abraão, Noé e Adão. Ao assumir e zelar o trono ancestral da Abissínia (antiga Etiópia) Ras Tafari herdou títulos divinos, mencionados na Bíblia e oferecidos ao Zelador do Trono do Pai Criador: Sua Magestade Imperial da Etiópia, Poder da Santíssima Trindade (Haile Selassie I), Rei dos Reis e Senhor dos Senhores (Negusa, Negast, Qedamawi Qedamawi), Leão Conquistador da Tribo de Judá, Eleito de Deus, Raiz de Davi, Juiz na Terra e Luz desse mundo.

Neste período da invasão, Mussolini chamou a Etiópia de "África Ocidental Italiana", enquanto haile Selassie foi até Jerusalém buscar forças espirituais com sua família. Também pediu apoio na Liga das Nações e sentindo-se só, fez um dos discursos mais emblemáticos e proféticos de sua vida, mais tarde transformado na canção 'War', pelo cantor jamaicano Bob Marley. Nesses 5 anos o Rei Selassie morou em Londres e da Inglaterra conseguiu apoio para liderar pessoalmente a reconquista da soberania nacional. Na volta para casa continuou seu projeto de reforma agrária, doando longa faixa de terras para os etíopes e outros africanos (e afro-descendentes), em Diáspora, espalhados por todo o mundo.
Lutou durante toda sua vida pelo fim da corrida armamentista, pelo fim da discriminação racial e religiosa, pela unificação da África, tendo fundando a OAU (Organização da Unidade Africana), quando também foi chamado de "Pai da África", e pela unificação das Igrejas Cristãs de todo o mundo, recebendo na Conferência Internacional com líderes de diferentes matrizes Cristãs o título de "Defensor da Fé". Também militava em favor da preservação da natureza e por um modelo de educação que integrasse mente, corpo e espírito.
Foi o primeiro Rei africano a visitar todos os continentes mantendo relações amigáveis com líderes dos mais diversos povos. Visitou o Brasil pousando na cidade do Recife em 12 de dezembro de 1960. Permaneceu no país por 3 dias, conhecendo a recém-construída cidade de Brasília com o então presidente da república Juscelino Kubitschek. Do Rio de Janeiro teve que interromper a viagem antes da data esperada, retornando à Etiópia para amenizar conflitos políticos.
No ano seguinte a visita ao Brasil, ficou viúvo daquela que lhe deu seus 3 filhos e 3 filhas, além das dezenas de netos e bisnetos.
O reinado do representante mais atual da dinastia salomônica na Etiópia foi interrompido em 1974, quando aos 82 anos de idade veio a ser traído por oficiais de sua confiança e deposto por um golpe militar (que por influência estrangeira o considerava velho e ultrapassado para o poder).
Embora fosse admirado pelo povo e por outros líderes africanos, a família imperial foi presa e exilada e o corpo do Imperador Ras Tafari desapareceu misteriosamente, sendo supostamente encontrado no ano de seu centenário (1992), e sepultado somente em 2000, na Igreja da Santíssima Trindade.

Fonte: bandapontodeequilibrio.com.br
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